quarta-feira, 30 de abril de 2008

PSICOLOGIA AJUDA NO TRATAMENTO DE ADOLESCENTES DIABÉTICOS


Qual a diferença entre estar doente e ser doente? Para a psicóloga Yael Ballas, esse deve ser o principio orientador daqueles que tratam pacientes com doenças crônicas. Na sua tese de doutorado, que será defendida no Instituto de Psicologia (IP) da USP, Yael analisou o desenho da figura humana feito por adolescentes portadores de diabetes e por adolescentes saudáveis e notou diferenças na percepção que os diabéticos têm de si mesmos.


O trabalho partiu da hipótese que adolescentes diabéticos apresentariam características singulares em seu esquema corporal, pelas implicações da doença, e teriam níveis de ansiedade mais altos do que os adolescentes sadios. Ao todo, foram avaliados 62 adolescentes com idades de 14 a 20 anos, da cidade de São Paulo. Eles mostraram poucas diferenças entre os desenhos, mas confirmam a hipótese e a validade do teste da figura humana enquanto método de avaliação psicológica.


A psicóloga conta que apesar de não ser algo perceptível à primeira vista, o teste da figura humana mostrou que há diferenças na forma como o adolescente percebe a si mesmo enquanto portador de uma doença crônica. Isso é particularmente importante na adolescência - período de muitas transformações para qualquer indivíduo.


A intenção de Yael é trabalhar conjuntamente com profissionais da área de saúde para propiciar um tratamento melhor para esses pacientes em todos os aspectos: médico, psicológico e educacional. Já em sua dissertação de mestrado, a pesquisadora estudou justamente como médicos do serviço público lidavam com portadores de diabete.


Especificidades


A diabete mellitus é uma doença popularmente conhecida pelo aumento do açúcar no sangue, sendo provocada pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina, o que pode gerar complicações agudas e crônicas.


A pesquisadora enfatiza a diferença entre ter uma doença e "ser doente". O primeiro é portador de uma doença e pode ter uma vida normal. Já o segundo é visto como alguém que não desenvolve todo seu potencial por causa da doença.


"Os adolescentes portadores de diabete podem ter uma vida bastante parecida com a dos seus pares saudáveis", diz Yael. "O erro é tratá-los como trataríamos pacientes com uma doença não-crônica", avalia. "O tratamento, segundo ela, deve ser contínuo e abordar todos os aspectos da vida: médico, alimentar, educacional e psicológico e não fazer apenas profilaxia (administrar remédios) quando o paciente
tem uma crise em seus níveis de glicemia".

Os métodos de avaliação usados foram: O Desenho da Figura Humana e o Inventário de Ansiedade Traço-Estado. O teste do Desenho da Figura Humana é um dos instrumentos psicológicos mais utilizados internacionalmente para avaliação do desenvolvimento cognitivo infantil. Proposto pela psicanalista americana Karen Machover em 1967, o método revela que, quando uma pessoa o realiza, os desenhos referem-se necessariamente às imagens internalizadas que ela tem de si mesma e dos outros. Dessa forma, ocorre a projeção de sua imagem corporal.


Texto: Charles Nisz

Fonte: Agência USP

Publicado em: 23/08/2005

Um comentário:

Lisiane Braga - Instituto RAM de Reeducação Ambiental disse...

Eu tenho uma amiga portadora de diabetes. Lembro-me quando começou, ela tinha acabado de entrar na faculdade. Era super ansiosa, acabava comento torta de chocolate de vez em quando, e não descartava uma oportunidade de sair com alguém. Parecia querer viver "tudoaomesmotempoagora", o que, para mim, é extremamente compreensível.
Um adolescente normal já tem dúvidas, passa por questionamentos diversos, crises de identidade... Imagina um com qualquer doença crônica! :/ Não deve ser nada fácil. Acho impossível que a ansiedade não faça parte disto. É bom que haja mesmo pessoas interessadas em ajudá-los.
Beijo, Lúcia!!